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Tirar férias sendo dono de uma franquia parece missão impossível? Para muitos franqueados e multifranqueados, desligar 100% do negócio ainda é um desafio — mas também é uma meta em construção para alguns. Reunimos relatos sinceros de quem já conseguiu se afastar com tranquilidade e de quem ainda sente a necessidade de checar o WhatsApp todo dia. Descubra como empreendedores de diferentes perfis lidam com as férias e o que você pode aprender com a experiência de cada um.

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— PARA LIDERANÇA

Férias para franqueados: descanso possível, desligar nem sempre

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Julho está chegando, e com ele as tradicionais férias escolares. Mas para franqueados e multifranqueados, será que essa pausa também se aplica? A maioria dos empresários que ouvimos concorda em um ponto: sair de cena completamente é quase impossível. A cabeça segue ligada, ainda que o corpo esteja em outra cidade — ou país. Monitorar pagamentos, acompanhar os indicadores, responder ao WhatsApp Business ou lidar com imprevistos a distância já faz parte do “pacote” das férias de muitos empreendedores.

Juliana Coelho, da Maria Brasileira, por exemplo, conta que mesmo nas férias precisa entrar diariamente por ao menos 30 minutos para cuidar da parte financeira da empresa — rotina compartilhada por Tâmara Carneiro, da Fini. Já Paulo Ribeiro, com operações da Maria Brasileira, aponta como principal desafio “deixar os colaboradores sozinhos” – ele diz que não tira férias há cinco anos, enquanto Rosângela Lopes, da Cacau Show, admite que ainda carrega algumas tarefas, mas busca, cada vez mais, se afastar das funções que dependem exclusivamente dela. Ana Paula Baptista de Oliveira, da Nutty Bavarian e La Guapa, é direta: “fico online o tempo todo”.

Alguns conseguem encontrar brechas de respiro. Thomaz Fernandes, do Buddha Spa, por exemplo, prefere descansar em épocas menos sazonais. Sedy Novais, do CNA e Maple Bear, leva o WhatsApp Business nas férias, mas não vê isso como peso. Pelo contrário: ela reconhece que é justamente esse trabalho que lhe permite viver momentos de lazer. Daniela Zagury, com operações de Nutty Bavarian, Grand Cru, Geneal e Magnólia, também não se incomoda em monitorar os negócios de longe e acredita que essa ideia de “desligar completamente” pode ser um conceito antiquado, importado de mercados muito diferentes do franchising brasileiro. Simone Rebelo, da Nutty Bavarian, compartilha da mesma visão.

Silvia Leite, da Kopenhagen, lembra que conseguir se afastar exige planejamento e fluxo de caixa saudável — com tudo agendado ou pago antes. Mas destaca um ponto essencial: é preciso ter pessoas de confiança na equipe e entre os fornecedores, prontos para lidar com imprevistos que sempre surgem nos piores horários.

Já Léo Polachini, com operações de Bob’s, KFC, Casa Bauducco e Vila Trampolim, faz uma analogia: “Um negócio é como um filho. Quando pequeno, é difícil ficar longe. Quando grande, mesmo longe, é difícil ‘desligar’ e ficar sem notícias. Ou seja, ficar off, para um empresário, é quase uma utopia.”

Esse sentimento de estar sempre conectado também aparece no depoimento de Bárbara Gama, da Chilli Beans. Para ela, a rotina do dia a dia flui bem mesmo na ausência dos sócios, mas decisões fora do padrão ainda recaem sob sua responsabilidade. Álvaro Grolli, da Clube Morena Rosa, vai além: diz que o maior desafio é “desligar de verdade”. Mesmo fora da operação, a cabeça segue nos resultados, nos riscos e na confiança (ou falta dela) de que o time saberá segurar as pontas.

Para Flávio Duarte, franqueado da Rede Dia e Kopenhagen, o desafio de se desligar não é tanto pela responsabilidade, mas pelo hábito. Ele e a esposa, ambos na faixa dos 40 anos, tiram várias miniférias por ano com os filhos e já traçaram uma meta: se desligar mais quando chegarem aos 50.

Com operações da Bibi, Usaflex, Petite Jolie e Track & Field, Walesca Pinheiro Soares, por outro lado, é direta: com 10 operações, uma empresa de reformas e um filho atleta de alto rendimento, “não dá pra desligar”.

Marcos Omena Tavares, com operações da Arezzo, Democrata, Usaflex e Bibi, resume com uma metáfora: “Empresário e ‘desligar’ é como água e óleo: não se misturam”. Arnaldo Szpiro, da Spoleto, concorda.

Para Tathiana Tavares, com operações da Rede Supera – Ginástica para o cérebro, o descanso é possível — mas exige cultura forte, processos bem definidos e líderes autônomos. A confiança vem da estrutura. Ainda assim, ela diz, não dá para desligar 100%. “Tá tudo bem ligar e saber como anda. Afinal, o filho é nosso”, completa.

Sandro Alves, da Depyl Action, é exceção. Ele tira pelo menos 20 dias corridos de férias e orienta o time a não entrar em contato. “Se eu não consigo tirar 30 dias sem ser incomodado, estou gerenciando mal. Não tenho vocação para ser herói. Quero formar heróis.” Herminio Coimbra, da Orthocrin, reforça: “Fazia a mesma coisa, só pedia o relatório financeiro diário.” Já Cesar Augusto Freitas, que administra operações de O Boticário, admite que continua com muitas tarefas nas férias.

Érica Bernardes, da Maria Brasileira, talvez tenha sintetizado o sentimento de muitos. Para ela, o empresário nunca se desliga 100% — e não porque isso seja um fardo, mas porque a empresa faz parte de quem ele é. “Descansar o corpo é necessário. Desligar a alma do que te move? Impossível.” Imara Oliveira, que tem operações de O Boticário, concorda com esse pensamento.

No fim, férias para franqueados e multifranqueados não seguem uma regra única. Há os que se desligam, os que monitoram a distância, os que seguem com parte das tarefas e os que enxergam tudo isso não como um sacrifício, mas como parte do jogo que escolheram jogar. O importante é reconhecer qual estágio da sua empresa (e da sua liderança) permite qual nível de descanso — e se perguntar com honestidade: estou criando uma estrutura que me permita descansar de verdade quando for preciso?

Hábitos para adotar:

• Planeje o financeiro com antecedência: Agende pagamentos e organize o fluxo de caixa antes de sair. Isso reduz a necessidade de intervenções diárias.

• Fortaleça sua equipe e fornecedores: Delegue com clareza e desenvolva líderes e parceiros confiáveis. Ter gente preparada para lidar com imprevistos faz toda a diferença.

• Estabeleça limites e rotinas durante as férias: Defina horários curtos e específicos para checar o negócio. Isso evita sobrecarga e mantém você conectado sem perder o descanso.

• Treine a confiança (e o desapego): Confie nos processos e nas pessoas que você formou. Desligar exige preparo — e um pouco de desapego também.

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