
O ano está chegando ao fim — e 2026 trará uma das maiores transformações já vividas pelo empreendedor brasileiro: a Reforma Tributária.
Cinco tributos — PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI — serão substituídos por um modelo unificado, e uma das grandes justificativas do governo acaba ficando muito clara: combater a sonegação. Estima-se que as mudanças injetem cerca de R$ 500 bilhões nos cofres públicos, segundo dados apresentados por José Carlos Araújo, sócio-diretor da BWA Global, durante o painel “O novo Brasil tributário: como proteger margens e crescer com segurança”, no Somos Multi 2025.
Mas o que isso significa, na prática, para o franqueado?
Segundo Araújo, o tempo é curto para estruturar operações e mitigar perdas. A transição exigirá capital de giro maior, controles mais profissionais e compliance sólido — áreas que antes nem sempre recebiam a devida atenção no franchising.
“Em um futuro próximo, não haverá mais espaço para o empreendedor raiz, que faz o negócio acontecer a qualquer custo”, alertou.
Menos improviso, mais gestão
A previsão é de redução das margens e possível inflação generalizada com repasse de preços. O franqueado que quiser atravessar essa transição com segurança vai precisar entender profundamente seus números e ter domínio sobre a contabilidade.
“É a maior mudança vivida pelo empreendedor nos últimos 60 anos”, reforçou Bárbara Gama, franqueada Chilli Beans e consultora de franquias. “O empresário vai precisar trazer o tema tributário para dentro da estratégia e do dia a dia — recalcular margens, revisar preços e controlar o fluxo de caixa.”
Gestão fiscal também é liderança
Para Guido Azevedo, multifranqueado das marcas Arezzo, Crocs, O Boticário e Vans, o maior desafio será a mudança de mindset dos times de contabilidade.
“É o momento de se aproximar mais das gestões financeiras e contábeis, garantindo um time qualificado para compreender e superar os desafios do momento.”
Já Leonardo Polachini, multifranqueado Casa Bauducco, Bob’s, KFC e Vila Trampolim, acredita que o governo, de certa forma, está estimulando o empreendedor a assumir o protagonismo do próprio negócio:
“É preciso ter curiosidade sobre o tema e buscar informações. O momento pede profissionalização na gestão financeira e mais alinhamento com a franqueadora.”
Para quem atua em diferentes regiões, o cuidado é redobrado
Guido Azevedo opera franquias em seis estados do Nordeste, o que significa lidar com realidades tributárias distintas. O foco, agora, é planejamento tributário sólido e formação de caixa para suportar o início da transição.
Nos próximos dois anos, o plano é reforçar processos e equipes, preparando o negócio para um cenário de maior complexidade fiscal.
É possível utilizar a legislação a favor do negócio
Ao falar sobre planejamento tributário, Bárbara Gama lembrou que no Brasil, muitas vezes é mais fácil ganhar margem no tributo do que na venda.
O segredo está em entender a legislação e usar a lei a favor do negócio — algo que pode fazer a diferença entre crescer ou apenas sobreviver na nova era tributária.
Digitalização fiscal: o passo essencial
Um ponto unânime entre os especialistas é a necessidade de digitalizar o controle fiscal.
Ter um ERP integrado ao backoffice, com apurações em tempo real, evita erros e autuações — além de permitir decisões mais rápidas e precisas.
Como resume Bárbara: “Quem se prepara antes, consegue ficar mais competitivo.”
Mapeie e revise seus ritos estratégicos
Antes da reforma, as reuniões de gestão tributária de Guido eram mensais e isoladas. Agora, envolvem finanças, contabilidade e controladoria, promovendo uma verdadeira transformação de gestão.
Esse é o tipo de movimento que outros franqueados também devem considerar — usar a reforma como gatilho para revisar práticas e fortalecer a governança.
O que fazer agora
A Reforma Tributária não é apenas uma mudança técnica — é uma mudança de mentalidade.
Ela exige que o franqueado seja mais gestor do que operador, mais analítico do que intuitivo e mais curioso do que conformado.
Os próximos meses são uma oportunidade para reorganizar, digitalizar e profissionalizar a operação, protegendo margens e preparando o terreno para o novo ciclo do franchising brasileiro.
Hábitos para adotar:
- Traga o tema tributário para dentro da gestão: pentenda seus números, participe das decisões fiscais e crie ritos para acompanhar margens e tributos com frequência. O empreendedor que entende o básico de tributação toma decisões mais seguras.
- Crie um caixa de transição: antecipe-se à reforma estruturando capital de giro adicional. O período de adaptação pode gerar aumento de custos e ajustes de preços — e quem tiver fôlego financeiro atravessará essa fase com mais tranquilidade.
- Digitalize o controle fiscal e financeiro: invista em um ERP que integre dados de vendas, estoque e contabilidade. Isso reduz erros, evita autuações e oferece uma visão em tempo real da saúde do negócio — um diferencial estratégico na nova era tributária.
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