
– PARA EXPANSÃO
Tem um tema que aparece com frequência nas conversas com franqueados, multifranqueados e franqueadores: como financiar a expansão em um cenário de crédito mais caro e mais restrito?
A realidade é que muitos franqueados têm conhecimento, preparo e oportunidade para crescer — mas não têm capital disponível. E, quando essa dor aparece na ponta, ela também reverbera no franqueador, que depende de uma rede saudável para manter a tração.
Nesta edição do Radar Franquias, reunimos aprendizados compartilhados por especialistas e casos reais que mostram como a cadeia de franquias está se reinventando para financiar crescimento com menos risco e mais inteligência estratégica.
Quando o franqueado decide captar recursos com um investidor
Quando um franqueado busca recursos no mercado, o movimento precisa ser absolutamente intencional. E antes de assinar qualquer contrato, é preciso ter claro: o contrato de franquia permite incluir terceiros no negócio?
Como destacou o advogado Sidnei Amendoeira Jr., do MMFA Law, durante o painel Fontes alternativas de crédito: criatividade em busca de crédito, no Somos Multi 2025, investidores externos normalmente precisam de prévia aprovação do franqueador.
Passada essa primeira etapa, o franqueado deve:
- Definir claramente a finalidade da captação — expansão, fortalecimento operacional, fortalecimento de caixa?
- Entender profundamente o perfil do investidor — histórico, visão, expectativas, limites de risco.
- Elaborar um plano de negócios realista, prevendo retorno, cenários e caminhos de saída.
- Comunicar a franqueadora de forma transparente, evitando ruídos.
Em resumo: a entrada de capital só funciona quando há alinhamento e clareza entre todos os envolvidos.
Só que ainda que os investidores sejam uma possibilidade, esta não é uma realidade tão comum no Brasil. Os empréstimos bancários seguem como o caminho mais comum. O problema disso?
- Eles ainda vêm com juros elevados, pedem garantias que muitos não têm e trazem contratos complexos;
- Em muitos casos, o franqueado pode se endividar rapidamente sem resolver o problema.
Quando falta planejamento — e negociação — a expansão pode virar um risco desnecessário.
A dor do franqueado também é a dor do franqueador
Para Gustavo Albanesi, cofundador do Buddha Spa, uma das maiores dores da rede é ver franqueados com capacidade operacional e maturidade de gestão, mas sem capital para crescer.
E, nesse cenário, o franqueador deve atuar como:
- parceiro estratégico,
- aliado no desenvolvimento,
- e não apenas um licenciante de marca.
Quando o franqueado cresce, a marca cresce junto — e vice-versa.
Sociedades estratégicas: quando o franqueador investe no franqueado
Segundo Bruno Semenzato, diretor-geral da SMZTO Investimentos, estamos em uma fase de crédito escasso e investidores mais avessos ao risco.
Mas isso também abre espaço para outro formato:
- Investimentos do franqueador no franqueado, seja via empréstimo estruturado ou sociedade.
É um modelo ainda pouco explorado, mas que ganha força na medida em que:
- fortalece a rede,
- retém bons operadores,
- e destrava expansão mesmo quando o crédito tradicional recua.
Caso real: quando franqueador e franqueada viram sócios
A multifranqueada Paula Matias Santos, do Buddha Spa, construiu sua trajetória com três unidades — cada uma financiada de forma diferente:
- Primeira unidade: recursos próprios
- Segunda unidade: empréstimo (já quitado)
- Terceira unidade: uma nova possibilidade
- A própria franqueadora tinha interesse em se tornar sócia
- Paula ficou com 49%, a marca com 51%
O que parecia incomum virou um formato de parceria que tem se mostrado eficiente quando existe alinhamento profundo entre as partes.
Como reduzir riscos nessa dupla sociedade
Para que a parceria funcione, alguns pontos foram essenciais:
- Sinergia real entre franqueadora e franqueada em visão, propósito e valores
- O aporte foi feito por uma holding de investimentos, não pela franqueadora diretamente
- A operação é oferecida apenas a franqueados da própria rede
- Gestão e operação permanecem com o franqueado
- Franqueadora coordena apenas o financeiro
- Há cláusulas claras de saída e recompra
- Se a franqueada quiser deixar o negócio, vende sua parte para a franqueadora, que decide o futuro da unidade
Com regras claras, expectativas alinhadas e governança bem definida, a sociedade deixa de ser risco e se torna um acelerador.
O acesso a capital continua sendo um dos maiores desafios de quem quer crescer no franchising. Mas também é uma oportunidade para redes maduras, franqueados estruturados e investidores estratégicos construírem novos caminhos — mais colaborativos, mais profissionais e com menos risco.
A expansão pode até depender de dinheiro. Mas a sustentabilidade dela depende, principalmente, de boa governança e alinhamento total entre as partes.
Hábitos para adotar:
- Crie uma rotina de planejamento financeiro contínuo: em vez de avaliar necessidade de crédito apenas quando surge uma oportunidade, estabeleça uma revisão periódica da saúde financeira da unidade. Isso permite identificar com antecedência se você terá fôlego próprio para expandir ou se precisará buscar alternativas de financiamento — evitando decisões às pressas e empréstimos mal estruturados.
- Manter diálogo transparente e regular com a franqueadora: a expansão não é uma decisão isolada. Por isso, mantenha conversas constantes com o franqueador sobre seus planos, sua capacidade operacional e as barreiras financeiras que está enfrentando. Essa transparência abre portas para soluções conjuntas, desde negociações mais inteligentes até potenciais parcerias ou sociedades.
- Avalie e compare fontes de crédito antes de qualquer decisão: empréstimo bancário ainda é o caminho mais usado — mas nem sempre o mais adequado. Desenvolva o hábito de comparar modalidades, juros, garantias e prazos antes de assinar qualquer contrato. Analisar diferentes cenários de retorno e risco ajuda a evitar endividamentos desnecessários e permite escolher a estratégia mais compatível com seu momento.
- Fortaleça sua governança e documentação da unidade: expansão só atrai bons parceiros — inclusive o próprio franqueador — quando a casa está em ordem. Organize indicadores, padronize processos, mantenha documentos acessíveis e controle fluxo de caixa de forma profissional. Uma operação bem gerida passa confiança, reduz riscos e aumenta as chances de receber investimentos ou apoio da marca.
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